Títulos, Paço das Artes
(16 novembro 2015—10 janeiro 2016)
O Paço das Artes – instituição da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo – inaugura no dia 16 de novembro de 2015 a mostra Títulos, de Thiago Honório, artista selecionado para a 2ª Residência Artística Paço das Artes. A entrada é gratuita.
Criado em 2014 por Priscila Arantes (diretora artística e curadora da instituição), o programa visa fomentar a produção e a pesquisa sobre a arte contemporânea. “A Residência Paço das Artes é destinada a artistas e curadores já inseridos no sistema das artes. Essa característica o diferencia da convocatória da Temporada de Projetos, que desde 1997 seleciona artistas e curadores em início de carreira”, diz Priscila Arantes.
Títulos reúne 190 trabalhos acadêmicos que o artista foi convidado a orientar ou arguir como membro de bancas examinadoras em diferentes instituições de ensino no período de 2006 a 2015. Entre eles, estão Trabalhos de Conclusão de Curso, Trabalhos de Graduação Interdisciplinar, Trabalhos de Intervenção Educacional, Monografias de Especialização Lato Sensu, Relatórios de Qualificação de Mestrado, Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado.
Na mostra, esses trabalhos serão colados uns aos outros e perfurados, apresentando uma fenda circular com 8,0 cm de diâmetro, de uma ponta à outra. Juntos, construirão um grande “corpo”, cujo desenho evocará um skyline, a partir de suas diferentes dimensões, alturas, espessuras, texturas, superfícies, encadernações, escrituras, fontes gráficas e lombadas coloridas. Desta forma, Thiago Honório busca problematizar as noções de troca de conhecimentos e atravessamentos a partir de sua experiência como artista e educador.
Para a crítica Nancy Betts, que acompanhou o desenvolvimento do projeto no Paço das Artes, Títulos parte inicialmente do gesto duchampiano de apropriação. “A partir de arquivos ‘mortos’, objetos descartados, dessemantizados, o artista realiza uma poética de ressignificação – um desvio que desprograma o status primitivo de inércia, desgaste, rotina ou esquecimento e propõe, por meio de uma força organizadora, articulações que se inserem na esfera da arte”, salienta.
Segundo Marcos Moraes, o uso da matéria-prima do ensino e da produção subverte certas relações habitualmente circunscritas a lugares, espaços e ambientes específicos, e às singularidades das relações e condições profissionais que lhes atribuímos. “Títulos joga com isso, ao não simplesmente esgarçar, mas perverter as figuras e mesclar papéis, travestir as roupagens, do artista, pesquisador, professor, orientador, arguidor, leitor, examinador, arquivista, bibliotecário, colecionador, curador... apaixonado e obsessivo”, diz.
Já Galciani Neves afirma que Títulos não se trata somente de um registro contábil acerca do que já foi feito, mas talvez de um convite a exercitar a prática do silêncio. “Assim Títulos nos aclimata no desafio de dar importância ao que se perde”, conclui.
Obras
Títulos, 2015
Estudos para Títulos, 2015
textosDa rasura, da “marginália” e do silêncio como genealogia de um volume incerto, Galciani Neves
Acerca de títulos, ou sobre o volume, a penetração e o vazio, Marcos Moraes
Leveza, Nancy Betts